Ex-presidente Lula critica imprensa: ‘não tem que provar, é só insinuar’

“Eu queria dizer que eu já estou de saco cheio", disse Lula

Lula disse que as denuncias sempre aparecem em época de eleição: “estou de saco cheio”.Foto: Divulgação

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira os vazamentos de áudio do depoimento do doleiro Alberto Yousseff à Justiça, no qual afirmou que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi empossado no cargo em 2004 após o então presidente Lula ceder a pressão de “agentes políticos”.

Sem mencionar diretamente o esquema, Lula disse, em discurso em plenária do PT em São Paulo, que toda eleição “é a mesma coisa” e que está “de saco cheio”.

“Toda época de campanha é sempre o mesmo cenário. Começam a insinuar denúncias. Ninguém tem que provar nada, é só insinuar. Tem matéria no jornal, na TV”, criticou Lula. “Eu queria dizer que eu já estou de saco cheio. Todo ano é a mesma coisa: eleição pra prefeitura, eleição pra presidente, eleição pra governador”, continuou.

“Vazamento seletivo”

O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT), que era líder da bancada do partido na época de que trata a denúncia, disse que o vazamento das declarações de Yousseff, um “vazamento seletivo”, tem objetivo eleitoreiro. Em depoimento que consta em áudio disponibilizado pela Justiça do Paraná, Youseff afirma que “para que Paulo Roberto Costa assumisse a cadeira da Diretoria de Abastecimento, esses agentes políticos trancaram a pauta no Congresso por 90 dias”, o que teria deixado Lula “louco”, até que cedeu à pressão.

“Eu era líder da bancada do PT e vou provar que isso é uma mentira (…) Com referência à pauta de discussão, eu anotei e foram votadas quatro propostas de Emenda à Constituição, 37 medidas provisórias e três projetos de lei. Foram votados oito projetos de decreto legislativo, oito projetos de resolução. No Senado foram votadas 35 medidas provisórias, 11 projetos legislativos, 55 projetos de decreto legislativo, um projeto de resolução e 259 requerimentos de informação”, afirmou Chinaglia a jornalistas, antes do discurso de Lula.

“Uma investigação com vazamento seletivo no período eleitoral… esse juiz pode estar se transformando voluntária ou involuntariamente em um cabo eleitoral. A veracidade de qualquer depoimento de quem quer que seja precisa ser averiguada. Isso prova que não se pode fazer vazamento sem conferir”, continuou Chinaglia.