segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Nas redes sociais, candidatos buscam apoio e encontram milhões de eleitores atentos


(Foto: Agência Estado)(Foto: Agência Estado)
Já faz alguns anos que as redes sociais brasileiras “bombam" mundialmente, criando bastante interação dos internautas nos mais variados assuntos. Mas em 2014 essas plataformas têm alcançado um engajamento inédito acerca das eleições, potencialmente moldando em tempo real o direcionamento de comunicação das campanhas dos principais candidatos.

Tome-se como exemplo a maciça participação de internautas no Twitter durante os debates presidenciais, alcançando os maiores trending topics mundiais - até mesmo no estranho debate da TV Aparecida. Ou considere o contra-esforço da equipe de Dilma Rousseff (PT) para rebater a convocação de “Twitaço" do pastor Silas Malafaia, dia 13 de setembro, com a campanha #MenosOdioMalafaia, que chegou a ser um dos tópicos mais comentados do dia.
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Ou a campanha de Marina Silva (PSB), que cresceu 146% no Facebook em um mês e que pede apoio não também nas redes sociais, com quase 50 mil tweets já publicados. Ou Aécio Neves (PSDB), que utilizou o Facebook para divulgar seu vídeo de repúdio ao escândalo da Petrobras em 6 de setembro, com mais de 100 mil compartilhamentos. Ou os memes com Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV), que contaminaram as timelines de muita gente nas últimas semanas. 

Conforme noticiado pelo Yahoo Brasil, de 12 de agosto a 16 de setembro as redes sociais dos principais candidatos viram seus números avançar consideravelmente - 60% para Facebook e 7% para o Twitter - o que demonstra crescente interesse pelo debate eleitoral na Internet. Mas não é só isso. O eleitor vai muito além da passividade de seguir um candidato, originando piadas, comentários, compartilhamentos etc.

"A atividade nas redes sociais é muito maior do que em 2010”, avaliou o professor de mídias sociais Celso Figueiredo, da Universidade Mackenzie.

Não é à toa. O Brasil é um dos cinco maiores mercados do mundo para Twitter, Facebook e YouTube, especialmente por causa do aumento da penetração de banda larga nos lares brasileiros nos últimos anos, explicou o professor de marketing Gabriel Rossi, do Centro de Inovação e Criatividade da faculdade ESPM.

"São 100 milhões de pessoas na Internet, e hoje temos o fenômeno da nova classe média, que tem computador ou acessa pela lan house ou pelo celular”, disse ele.

E isso tem forçado um direcionamento maior entre os candidatos à Presidência da República para tratar as redes sociais com mais seriedade e atenção (com uma equipe dedica ou transmitindo mensagens exclusivas), ao passo que, na outra ponta, o eleitor quer dar significado para sua aparente força online. “As pessoas querem usar a internet para mudar alguma coisa”, afirmou Rossi.

Claro, em meio ao engajamento interessado e irreverente de muitos internautas-eleitores, é muito comum ver militantes postando mensagens de ódio que fogem da lógica de debate eleitoral ponderado, notadamente contra o PT, mas não limitado apenas a esse partido. Nesses casos, para Rossi, “o que acontece é que muitas vezes um militante de um candidato acha que está ajudando mas acaba apelando”.

Seja como for, apesar de eventuais achaques, acertos e boas experiências, essas plataformas ainda são vistas mais como um complemento às campanhas gerais dos candidatos, como programas de TV, rádio e comícios, do que como um lugar para ouvir críticas e sugestões e interagir com eleitores, segundo especialistas.

“Os candidatos usam canais diferentes para emitir a mesma mensagem, o mesmo corpo de ideias, esse é o principal uso que temos observado”, disse André Benevides, coordenador de monitoramento de redes sociais da agência digital iProspect, que tem monitorado as redes sociais durante as eleições. "A gente é da opinião de que teria bastante espaço para melhorias, o uso desses recursos da maneira como é feita atualmente acrescenta pouco às campanhas dos candidatos.”

Segundo Rossi, da ESPM, as plataformas precisam ser utilizadas para atingir não os militantes, que já tem o voto e a opinião definidos, mas sim os eleitores “médios”, ou seja, aqueles que tem uma distância maior da política, mas mesmo assim procuram se informar melhor para definir ou reafirmar sua escolha de voto. "A ideia de usar a Internet é fugir do militante e buscar o eleitor médio”, disse o professor, acrescentando que esse cidadão não é tão interessado nos partidos, e sim em ver as propostas que possam ser apresentadas.

Para isso, argumenta Roberta Garrada, diretora da iProspect, os candidatos precisam utilizar as redes sociais mais como as empresas utilizam o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), dando ouvidos às suas preocupações, questionamentos e sugestões. "A gente acha que os candidatos ainda estão usando pouco a facilidade de acesso com os eleitores no Twitter e no Facebook.”

No fim das contas, se a televisão ainda tem grande influência no andamento das campanhas, levando a alianças muitas vezes comprometedores entre partidos em troca de mais tempo de TV, ainda é preciso ver o real impacto das redes como uma plataforma de campanha.

"O quanto as mídias sociais influenciam o voto? Todo mundo quer saber isso. É pergunta de 1 milhão de dólares”, disse Figueiredo, do Mackenzie.

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