A Coreia do Norte anunciou que vai suspender seu programa de enriquecimento de urânio. Em troca vai receber toneladas de alimentos dos Estados Unidos. A notícia surpreendeu muita gente, mas foi recebida com cautela na Europa. Não foi a primeira vez que a Coreia do Norte ergueu a bandeira branca.
Na Europa o clima é de cautela. Mas todos concordam que o acordo quebra o gelo com os Estados Unidos e principalmente com os países vizinhos.
Na Ásia, o acordo traz uma dose de alívio. Uma promessa de desarmamento nuclear é sempre uma boa notícia. Mas, para usar uma expressão popular, os asiáticos já são gatos escaldados em relação à Coreia do Norte.
Sempre que faltava comida ou remédios, o ditador Kim Jong Il – morto no fim do ano passado – mostrava disposição para negociar. Mas, logo em seguida, voltava a fazer ameaças ou testes nucleares. Para sobreviver, a ditadura comunista precisa desse ambiente de tensão, de guerra permanente com inimigos externos, verdadeiros ou imaginários.
A secretária de estado americana, Hillary Clinton, classificou o acordo com um modesto primeiro passo na direção certa.
Desta vez, há algumas condições diferentes. A Coreia do Norte tem um novo dirigente, Kim Jong Un. E há o problema da fome.
Segundo o Programa Mundial de Alimentos da Onu, 70% dos norte-coreanos consomem metade das calorias necessárias para um ser humano. por esses motivos, o acordo que está sendo chamado de “comida pela paz” talvez mereça crédito.
Na Coreia do Sul, país mais ameaçado pelos vizinhos do norte, o governo viu o acordo com bons olhos, mas muita cautela. A população também está dividida
"Eu aprovo o acordo para livrar a península coreana das armas nucleares. E muitos norte-coreanos estão famintos. Por isso é positivo que os Estados Unidos forneçam comida para eles", disse este homem.
Este rapaz lembra que "a Coreia do Norte já prometeu acabar com o programa nuclear no passado, mas voltou atrás. Não podemos confiar num acordo por causa do comportamento deles no passado”.
As negociações para desarmar a ditadura comunista já duram 10 anos. Em 2006, o país anunciou o seu primeiro teste nuclear, deixando toda a Ásia em alerta. Em 2008, depois de longas negociações, concordou em suspender o programa nuclear e até destruiu a torre de refrigeração de seu principal reator nuclear. Tudo jogo de cena.
O que a Ásia se pergunta é se o novo dirigente do país, Kim Jong Un, está mesmo dando uma demonstração de boa vontade ou apenas seguindo a cartilha do pai, Kim Jong Il, um mestre no que muitos classificavam como "chantagem atômica".
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