sábado, 14 de abril de 2012

Japão vai reabrir usinas nucleares

Tóquio (AE) - O governo japonês concluiu ontem que dois de seus 54 reatores nucleares estão seguros para voltar a funcionar, o que deve significar uma certa tendência para a abertura de usinas fechadas para manutenção, desde o acidente na usina Fukushima Daiichi em março do ano passado. O ministro de Comércio e Indústria, Yukio Edano, um dos quatro membros do gabinete que tomou a decisão, também descreveu a operação dos reatores como necessária, para assegurar um fornecimento estável de energia e evitar danos à economia por causa de interrupções de energia. Ele disse também que vai visitar a cidade de Fukui, oeste do país e onde estão instalados os dois reatores, para buscar a "compreensão" da comunidade local sobre o reinício das atividades na usina.
AEAcidente provocado pelo tsunami em Fukushima deu combustível à luta dos ambientalistas japoneses contra a energia nuclear
Acidente provocado pelo tsunami em Fukushima deu combustível à luta dos ambientalistas japoneses contra a energia nuclear

A decisão é um passo à frente nos esforços para o reinício da geração de energia nos reatores japoneses antes da chegada dos sufocantes meses de verão, quando a demanda por energia atinge seu pico. Mas a oposição popular à medida pode prejudicar os planos do governo.

O possível reinício das atividades nos reatores 3 e 4 da usina Oi, em Fukui, é discutido no governo desde o início de abril, depois que dois organismos distintos aprovaram os resultados do primeiro estágio de testes de estresse sobre a resistência das usinas a desastres naturais.

Com a decisão tomada ontem, o foco do governo será agora voltado para a obtenção de apoio para a reabertura dos reatores junto às comunidades locais. Edano disse que irá para Fukui no sábado para explicar pessoalmente a posição do governo aos líderes locais. "Não há a decisão final para a reabertura", afirmou Edano, deixando claro que ainda há vários obstáculos até que os reatores voltem a funcionar. "Vamos manter nossos esforços para conquistar a compreensão das populações locais."

Edano é um dos quatro ministros - juntamente com o primeiro-ministro Yoshihiko Noda, o chefe de gabinete Osamu Fujimura e o ministro do Meio Ambiente Goshi Hosono - encarregado de delinear padrões de segurança e tomar a decisão final sobre a reabertura dos reatores. 

Pela lei japonesa, governos locais não têm poder para ditar a operação de usinas nucleares. Mas todas as nove empresas regionais que detém e operam usinas nucleares têm acordos de segurança com governos municipais pelos quais as autoridades recebem algum poder de decisão na gerência das usinas.

Após o acidente na usina Fukushima Daiichi, que levou à evacuação de milhares de moradores, muitas comunidades em outras partes do país que abrigam ou têm instalações nucleares próximas começaram a exigir maior poder decisão sobre como esses locais são administrados. 

Desde o acidente, os reatores foram fechados para manutenção, como o objetivo de amenizar os temores da população. Como resultado, o Japão tem agora apenas um reator em operação, a unidade 3 da usina Tomari, na ilha de Hokkaido, norte do país, mas ele deve ser desligado no dia 5 de maio. Muitos líderes empresariais expressaram preocupação com o impacto que possíveis interrupções no fornecimento de energia podem ter sobre as empresas nos meses de verão. Antes do desastre de Fukushima, 30% da energia consumida no Japão era de origem nuclear.

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