terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pesquisadores criticam recursos para combate ao fogo na Antártica

Do G1, com informações do Jornal Nacional /CA
 
Pesquisadores que estiveram na Estação Comandante Ferraz, na Antártica, atingida no último sábado por um incêndio que matou dois militares da Marinha, criticaram as instalações e os equipamentos de combate ao fogo da unidade. Um alerta semelhante tinha sido dado por inspetores de outros países sete anos atrás.
Mas nem todo o dinheiro destinado ao programa antártico brasileiro foi aplicado. O site Contas Abertas fez um levantamento sobre o dinheiro destinado ao programa antártico brasileiro nos últimos 11 anos.
Nesse período, o programa teve autorização para gastar R$ 145 milhões, mas só gastou, de fato, menos de R$ 115 milhões - deixou de aplicar R$ 30 milhões.
A partir de 2006, os recursos para o o programa aumentaram, mas por causa das emendas de parlamentares. Em 2009, por exemplo, o governo havia destinado R$ 8 milhões. As emendas acrescentaram mais R$ 19 milhões, e o total foi para R$ 27 milhões.
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O orçamento deste ano é o menor desde 2006: R$ 11,8 milhões, que não serão suficientes para a reconstrução da estação, praticamente destruída no incêndio.
Problemas na estação já tinham sido apontados, em 2005, num relatório feito por inspetores do tratado internacional que regula a presença dos países na Antártica.
O relatório diz que a estação começa a mostrar sinais de velhice e recomenda uma revisão dos equipamentos de combate a incêndio com urgência. O Brasil respondeu dizendo que já tinha um plano para substituir os extintores e mangueiras e atualizar todo o sistema de combate a incêndio.
O pesquisador Patrick Simões Dias, que estava na estação na hora do incêndio, reclama da falta e do mau funcionamento dos equipamentos para combater o fogo. "Não tinha equipamento de proteção de respiração, não tinha equipamento de resistência ao fogo mesmo, macacões próprios, luvas próprias para todo mundo."
O professor Alexandre Lerípio, especialista em gestão ambiental, esteve várias vezes na estação brasileira e informou a Marinha e o Ministério do Meio Ambiente sobre riscos no local.
"A nossa estação era constituída por um único grande conglomerado de módulos que constituiam uma única edificação [...]. Nessa mesma única instalação estava a praça de máquinas com combustíveis, enfim, com chamadas fontes de ignição", afirmou.
O antropólogo Luis Guilherme Resende de Assis, da Universidade de Brasília (UnB), passou cinco meses na estação em 2010 e diz que há preocupação com a manutenção do local.
"Há um esforço de manutenção permanenete. Não há pessoas na Antártica, na Estação Comandante Ferraz que de certa forma não se envolva obrigatoriamente com os trabalhos de manutenção
A reconstrução da estação brasileira na Antártica ainda deve demorar. Provavelmente, terá que esperar até outubro, quando começa o verão no continente gelado.

Em nota, a Marinha informou que modernizou o sistema de monitoramento e alarme de incêndio e que fez uma série de melhorias na estação. Para a Marinha, o acidente não ocorreu em razão de falta de investimentos na estação.

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