quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Lindemberg Alves é condenado a 98 anos e dez meses de prisão

O júri considerou o réu culpado pelo homicídio de Eloá e mais 11 crimes, inclusive tentativa de homicídio contra Nayara Rodrigues

Fernanda Simas e Carolina Garcia, iG São Paulo P/CA  Atualizada 16/02 às 21:19

Foto: AE Ampliar
Lindemberg sentado no bando dos réus
Lindemberg Alves, 25 anos, foi condenado a 98 anos e dez meses de prisão pela morte da ex-namorada Eloá Pimentel, 15 anos, e mais onze crimes.
Após a juíza Milena Dias anunciar a sentença, familiares aplaudiram o resultado e choraram. A mãe e um dos irmãos de Eloá se abraçaram.
O crime ocorreu em outubro de 2008 após Eloá ser mantida em cárcere privado por 100 horas em seu apartamento, em Santo André.
O júri era formado por seis homens e uma mulher.  Apesar de ter sido condenado pelos 12 crimes, pela lei brasileira, ele não pode ficar preso por mais de 30 anos.
No início da leitura da sentença, Lindemberg se mostrava sereno. Depois, a medida que a juíza Miliena Dias lia as penas, o réu abaixava cada vez mais a cabeça.
O júri considerou o réu responsável inclusive pela tentativa de homicídio contra Nayara Rodrigues e o sargento Atos Valeriano. Ele também foi culpabilizado por cinco cárceres privados, contra as duas adolescentes e os amigos Vítor de Campos e Iago de Oliveira e quatro disparos de arma. Além dos 98 anos de prisão, ele também foi condenado a 1.300 dias de multa.
Os crimes e as penas
Lindemberg foi condenado a 30 anos de prisão por homicídio doloso qualificado por motivo torpe contra Eloá, a 20 anos por tentativa de homicídio contra Nayara, 10 anos por tentativa de homicídio contra o sargento Atos Valeriano, 5 anos e 2 meses para cada um dos cárceres privados e 4 anos e 3 meses para cada um dos quatro disparos.  A juíza diz que não viu razões para agravar a pena de cada crime.
A juíza afirmou que Lindemberg praticou atos de " bárbarie" e que o réu agiu com "frieza".
"Houve Intensa pressão psicológica. Durante a bárbarie, ele se deu ao trabalho de dar entrevista para emissora. O réu agiu com frieza, premeditação e egoísmo", disse a juíza Milena Dias durante a leitura da sentença.
Para a juíza, Nayara Rodrigues, Vítor Campos e Iago de Oliveira sofreram alterações na vida e o réu causou transtorno à sociedade, que "assistiu a dias de horror", e ao Estado ao mobilizar diversos policiais. Cerca de 400 pessoas acompanharam a decisão da juíza do lado de fórum de Santo André. Ao final do julgamento, algumas pessoas tentaram impedir a saída do carro que levava Lindemberg ao presídio.
O julgamento
O julgamento de Lindemberg Alves durou quatro dias e foi marcado pelo depoimento do réu que falou pela primeira vez sobre o caso, e pela discussão entre defesa e promotoria. 
Lindemberg confessou ter atirado em Eloá, mas negou que havia planejado o crime. Durante o depoimento, o motoboy afirmou que ele voltou o namoro com Eloá mas que eles preferiram manter o retorno em segredo. Ainda de acordo com o réu, ele ficou com ciúmes ao Eloá dizer que beijou o amigo Vitor de Campos, que também estava no apartamento no início do cárcere.
Para a defesa de Lindemberg, ele cometeu homicídio culposo na modalidade “culpa consciente”, ou seja, com imprudência. A defesa também considerou que Lindemberg manteve Eloá em cárcere privado.
Para a advogada Ana Assad, ele não tentou matar Nayara, mas houve lesão corporal culposa. Ainda de acordo com a defesa, não houve cárcere privado de Nayara, Iago e Vitor.
A advogada lembrou que pode pedir a anulação do julgamento.  “Quero que conste em ata que diante de todos os processos feitos pela defesa durante o julgamento, a defesa reserva-se ao direito de pedir futura e necessária, nulidade”, disse Assad.
Segundo o jurista Flávio Gomes, "a defesa não convenceu os jurados porque a defesa foi só argumentativa e a promotora usou de argumentos e provas”, disse.
Os quatro dias
Dia 13
O julgamento começou na segunda-feira, dia 13. O primeiro dia de julgamento foi marcado pelo depoimento das vítimas, Nayara Rodrigues, Vitor de Campos e Iago de Oliveira.
Nayara, que foi baleada no braço e no rosto durante o cárcere com Eloá Pimentel, quando tinha 15 anos, afirmou que Lindemberg invadiu o apartamento em que estavam com a intenção clara de matar a amiga. Ao contrário do que alega a polícia, Nayara diz que Lindemberg, apesar de demonstrado intenção de matar Eloá, só atirou após a invasão dos policiais.

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