quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dilma se diz atenta às vozes das ruas Publicação: 19 de Junho de 2013 às 00:00


Brasília (AE) - Sem falar publicamente desde que as manifestações foram iniciadas, há mais de uma semana, a presidente Dilma Rousseff dedicou ontem os cinco últimos minutos do discurso na cerimônia de lançamento do Código de Mineração para avisar que está ao lado da população “no repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público”, “ouvindo essas vozes das ruas pela mudança”.
ed ferreira/ecCom discurso preparado, Dilma se mostra favorável a protestosCom discurso preparado, Dilma se mostra favorável a protestos

O discurso, lido por Dilma na solenidade, foi preparado na noite anterior, 17, no Palácio da Alvorada, junto com o marqueteiro João Santana. Com esta fala, Dilma quer evitar que as manifestações que reuniram mais de 230 mil pessoas nas ruas do País, em 12 Estados, e passaram a mirar políticos, a atinjam e mostrar que não está descolada dos anseios do País.

“Quem foi ontem (17) às ruas quer mais. As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir a vocês que o meu governo também quer mais, e que nós vamos conseguir mais para o nosso País e para o nosso povo”, disse.

Dilma destacou que “o Brasil hoje acordou mais forte” e que “a grandeza das manifestações de ontem (17) comprovam a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população”. A presidente ficou com a voz embargada logo após ressaltar que “essa mensagem direta das ruas comprova o valor intrínseco da democracia, da participação dos cidadãos em busca de seus direitos”, lembrando, que “a sua geração sabe o quanto isso nos custou”.

Dilma também comentou sobre os atos de violência nos protestos. “Infelizmente, é verdade, acontecem atos minoritários e isolados de violência contra pessoas, (contra o) patrimônio público e privado, que devemos condenar com vigor”, prosseguiu, sendo interrompida por aplausos. 

As manifestações populares ocorrem uma semana depois de pesquisas apontarem uma queda de oito pontos na popularidade de Dilma. No sábado, 15, durante a abertura da Copa das Confederações, em Brasília, a presidente foi vaiada.

Haddad

Imediatamente após discursar, ontem, ela decolou para São Paulo para se reunir com o padrinho político e conselheiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma e Lula montaram uma “operação de salvamento” do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, alvo de nova onda de protestos, ontem. O encontro entre os três ocorreu na Base Aérea de Congonhas.

Antes dessa conversa, Dilma se reuniu com Lula, com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o marqueteiro João Santana, em um hotel da capital paulista.

Lula disse a Dilma e a Haddad que era preciso agir rápido para impedir mais desgaste aos governos do PT. No diagnóstico do ex-presidente, a oposição começa a agir para “faturar” politicamente e, se o PT não abrir diálogo com a juventude, ninguém sabe como a onda de protestos terminará.

A estratégia do PT é a de se solidarizar com os manifestantes, na tentativa de neutralizar o movimento, que começou com protestos contra o aumento da tarifa de transporte coletivo e fugiu ao controle do monitoramento do Planalto.

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