quarta-feira, 26 de junho de 2013

Constituinte está descartada e plebiscito será sobre reforma política atual..


Vinte e quatro horas após sugerir uma Assembleia Constituinte específica para votar a reforma política, em reunião com 27 governadores e 26 prefeitos, a presidente Dilma Rousseff foi obrigada a recuar. Sem apoio do vice Michel Temer e criticada até mesmo por integrantes de sua base aliada, Dilma decidiu enviar ao Congresso apenas uma mensagem propondo a convocação de um plebiscito, em 45 dias, com pontos específicos sobre como deve ser feita a reforma política, mas sem recorrer ao expediente da Constituinte. Entre os itens que devem ser submetidos ao crivo da consulta popular estão o financiamento público de campanha e o voto em lista.
João Maria AlvesHenrique Eduardo anuncia que consulta será sobre reformaHenrique Eduardo anuncia que consulta será sobre reforma

A decisão foi tomada após conversas com os presidentes do Supremo Tribunal Federal, do Senado e da Câmara dos Deputados.  Dilma Rousseff vai se reunir nos próximos dias com líderes de partidos do governo e da oposição, do Senado e da Câmara, para discutir o processo que levará ao plebiscito e quais questões poderão fazer parte da consulta popular. Ainda nesta semana, o governo vai consultar a presidenta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, para confirmar o tempo necessário à preparação e realização do plebiscito.

Questionamentos

Na consulta popular, os eleitores deverão responder a perguntas diretas sobre temas da reforma, como financiamento de campanha e representação política, informou o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. “A população será consultada sobre aspectos polêmicos, pontuais e mais importantes para que se manifeste sobre eles”, disse Henrique Eduardo, depois da reunião no Palácio do Planalto.

Ficou acertado no encontro que a presidenta irá encaminhar ao Congresso as sugestões que considera mais relevantes para os sistemas político e eleitoral brasileiros. Após analisar as propostas e adicionar outras já em discussão na Câmara e no Senado, os congressistas deverão formular as perguntas que serão respondidas pelos eleitores.

De acordo com a proposta, haverá uma campanha de esclarecimento feita pelo Tribunal Superior Eleitoral sobre as questões em discussão. “Após a manifestações popular, nós traríamos o resultado para esta Casa e formularíamos o projeto de reforma política”, afirmou o presidente da Câmara, acrescentando que a regulamentação das decisões tomadas pela população poderia ser feita tanto na forma de leis quanto na forma de emendas constitucionais.

Com isso, o plebiscito não será, como cogitado no dia anterior, no pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff, sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva. A consulta ficará apenas sobre os pontos em discussão e caberia ao Congresso Nacional a votação definitiva.

Mais cedo, o presidente da Câmara tinha explicado que não há viabilidade de uma Constituinte, uma vez que a Câmara rejeitaria esse iniciativa. Ainda sobre a reforma política, o deputado Henrique Alves lembrou que já desejava votar as propostas desde abril. “Agora temos que encarar esta questão. Virá uma proposta de iniciativa popular e outras entidades podem apresentar suas ideias. As propostas todas, sejam da presidente ou da sociedade civil, serão bem recebidas”, assinalou. Na reunião de líderes, ontem, na Câmara, o deputado Cândido Vaccareza (PT-SP) também apresentou relatório de minirreforma eleitoral, que pode ser votado já no dia 9.

A deputada Fátima Bezerra, do PT, ainda defendeu, ontem, a convocação de uma Constituinte. Ela opinou que “se depender do Congresso, não será dado um passo para a reforma política”. “Cabe a esta Casa acordar e fazer seu dever de casa, rejeitando a PEC 37 e aprovando os royalties para educação e o Plano Nacional de Educação”, disse Fátima Bezerra.

Os parlamentares de oposição repudiaram a ideia da de uma Constituinte para tratar da reforma política. A proposta, segundo o presidente dos Democratas, senador José Agripino, “não passa de uma jogada de marketing que dará uma falsa sensação ao povo de que ele está participando de algo”. O deputado Felipe Maia (DEM) criticou o que apontou como despreparo no anúncio da presidenta. “Esta matéria é inconstitucional, conforme opinião majoritária dos ministros do STF”, comentou.

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