terça-feira, 6 de agosto de 2013

Vacina contra a aids produzida no Brasil começará a ser testada.

O imunizante busca reduzir a carga viral de pacientes infectados, e não evitar que uma pessoa saudável seja contaminada pelo HIV, de acordo com a equipe

RODRIGO CARVALHO, EM 11/11/2008
Vacina reduz carga viral de infectados, mas não evita contaminação


Uma vacina brasileira contra o vírus HIV, transmissor da aids, começará a ser testada em macacos no segundo semestre deste ano. Com duração prevista de dois anos, os experimentos têm o objetivo de encontrar o método de imunização mais eficaz para ser usado em humanos. Concluída essa fase, e se houver financiamento suficiente, poderão ter início os primeiros ensaios clínicos em seres humanos.
 Denominado HIVBr18, o imunizante foi desenvolvido e patenteado pelos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), na capital paulista, Edecio Cunha Neto, Jorge Kalil e Simone Fonseca. O HIVBr18, assim como outras vacinas em estudo no mundo, tem o objetivo de reduzir a carga viral de pacientes infectados, e não evitar que pessoa saudável seja contaminada.
 O estudo foi baseado no sistema imunológico de grupo especial de portadores do vírus que mantêm o HIV sob controle por mais tempo e demoram para adoecer. No sangue dessas pessoas, a quantidade de linfócitos T (tipo de células de defesa) do tipo CD4, o principal alvo do HIV, permanece mais elevada que o normal.
Os pesquisadores já sabiam que esses linfócitos, chamados de TCD4, acionam outros tipos de células de defesa, os linfócitos do tipo CD8. Esses, por sua vez, produzem toxinas que eliminam células infectadas pelo vírus. Contudo, estudos mais recentes mostraram que tipo específico de linfócito TCD4 também tem ação tóxica sobre as células infectadas. “Os portadores de HIV que tinham as TCD4 citotóxicas conseguiam manter a quantidade de vírus sob controle na fase crônica da doença”, contou Cunha Neto.
Os cientistas, então, isolaram pequenos pedaços de proteínas (peptídeos) das áreas mais preservadas do HIV, aquelas que se mantêm estáveis em quase todas as cepas. Com auxílio de programa de computador, selecionaram os peptídeos que tinham mais chance de ser reconhecidos pelos linfócitos TCD4 da maioria dos pacientes. Os 18 peptídeos escolhidos foram recriados em laboratório. Testes in vitro preparados com amostras de sangue de 32 portadores de HIV tendo condições genéticas e imunológicas variadas mostraram que, em mais de 90% dos casos, pelo menos um dos peptídeos foi reconhecido pelas células.

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