terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Faltam médicos no sistema público de saúde



O número de médicos no Brasil vem crescendo ao longo das últimas décadas, mas ainda persistem desigualdades regionais, com uma concentração maior de profissionais nos grandes centros e nas regiões mais ricas. Outro problema é a baixa adesão ao trabalho na rede do Sistema Único de Saúde. Segundo registros dos CRMs (Conselhos Regionais de Medicina), o número de médicos no Brasil chegou a 388.015 em outubro de 2012, o que dá dois profissionais para cada mil brasileiros. Era 1,15 em 1980, 1,48 em 1990, 1,72 em 2000, e 1,91 em 2010. Nos serviços públicos, a razão é de 1,11 médico para cada mil habitantes. Os dados foram divulgados ontem no estudo Demografia Médica no Brasil, do CFM  (Conselho Federal de Medicina) e do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
Ao todo, 55% dos médicos estão vinculados à rede pública, mas, segundo a pesquisa, esse contingente é insuficiente para atender as 150 milhões de pessoas que dependem exclusivamente do SUS. Levando em conta apenas esses profissionais, há 1,11 médico para cada mil habitantes que dependem do SUS, bem abaixo da média nacional que também inclui os médicos que atendem pelo sistema privado. “O que a gente vê é que isso (aumento do número de médicos) não beneficiou de maneira homogênea todos os cidadãos brasileiros. O aumento por si só não vai beneficiar os locais onde há carência de médicos”,  diz Mario Scheffer, pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) que coordenou a pesquisa.
A divulgação coincide com a polêmica discussão em torno da facilitação da revalidação do diploma de médicos formados no exterior, que está sendo estudada pelo governo federal e é defendida pela Frente Nacional de Prefeitos e pela Associação Brasileira de Municípios. O objetivo é atrair médicos para atender em regiões onde há carência desse tipo de profissional. A proposta é repudiada pela Fenam (Federação Nacional dos Médicos) e, segundo  CFM e Cremesp, não vai resolver o problema. A pesquisa diz que tanto os médicos brasileiros quanto os estrangeiros em atuação no país seguem a tendência de se fixarem nos grandes centros urbanos.
O estudo também indica que a ideia de instalar cursos de medicina onde há carência de médicos – proposta pelo MEC (Ministério da Educação) – não atingirá seu objetivo. “Cem cursos foram abertos, muitos no interior, nas últimas três décadas e não conseguimos perceber uma relação entre isso e a fixação de médicos no interior”,  avaliou Scheffer.

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