São Paulo (AE) - Depois de HSBC e Santander anunciarem redução de taxas de juros, o Bradesco e o Itaú fizeram o mesmo ontem após a iniciativa do governo em reduzir juros dos bancos públicos para baratear o crédito. O Bradesco reduziu juros no crédito para pessoas físicas e empresas e vai ampliar limites de crédito em R$ 21 bilhões para os dois segmentos e bancos de montadoras. O Itaú Unibanco também reduziu juros para pessoas físicas e pequenas empresas. Para companhias de menor porte, a redução chegou a 66% no cheque especial. O banco informou ainda que seu limite de crédito disponível para emprestar ultrapassa R$ 200 bilhões. Na semana passada, Banco do Brasil e Caixa reduziram suas taxas.
No Itaú, todos os clientes com conta corrente terão redução de taxas para financiamento de veículos e no crédito consignado para beneficiários do INSS. O corte é válido para as novas operações contratadas nas agências do banco, informa o comunicado à imprensa. As novas taxas passam a valer a partir de segunda-feira, dia 23.
No caso do financiamento de veículos, a taxa mínima caiu 8% e passou para 0,99% ao mês. Essa taxa será válida para clientes correntistas há mais de um ano, em operações com 50% de entrada e parcelamento em até 24 meses.
Nos empréstimos consignados para beneficiários do INSS a taxa mínima foi reduzida para 0,89% e a máxima, para 2,20% ao mês. O banco não informou as taxas anteriores. "Em linha com as reduções da taxa básica de juros pelo Banco Central e com o cenário de crescimento econômico positivo para o País no segundo semestre de 2012, anunciamos estas reduções de taxas. Com a redução dos spreads, acreditamos que damos mais uma contribuição para o processo de transformação e desenvolvimento nacional", afirma Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco em nota à imprensa.
No segmento de micro e pequenas empresas houve cortes em várias linhas de empréstimos, segundo o banco. No cheque especial, os juros caíram 66% e a taxa menor será de 1,95% ao mês. No capital de giro as taxas serão a partir de 1,14% ao mês; e em desconto de duplicatas e cheques, a partir de 1,29% ao mês.
Para os clientes pessoa física do Bradesco haverá redução de taxas nas linhas de financiamento de veículos, crédito pessoal, consignado e aquisição de bens. A taxa do crédito pessoal, por exemplo, cai de 2,66% para a partir de 1,97% ao mês. No financiamento de veículos, a taxa que era de 1,35% passou a ser a partir de 0,97% ao mês. Para os bancos de montadoras, o Bradesco informou que vai disponibilizar mais R$ 6 bilhões de limite de crédito. "A medida visa a incrementar a produção e comercialização de automóveis", destaca o banco.
Nas micros e pequenas empresas, o Bradesco criou uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para capital de giro e CDC (crédito direto ao consumidor) para aquisição de máquinas e equipamentos. A taxa para essa linha será de 2,90% ao mês, comparada à anterior de 5,56%, segundo o banco. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega aumentou o tom e disse que os bancos privados têm espaço para reduzir os spreads. Em seguida, o HSBC cortou juros e ontem o Santander anunciou taxas menores para pequenas empresas.
Queda não beneficia todos os clientes
São Paulo (AE) - Apesar dos vários anúncios feitos desde a última segunda-feira, os bancos, na prática, não estão reduzindo suas taxas de juros, afirma o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Alexandre Chaia. "Na verdade, os bancos estão colocando precondições para o cliente poder ter uma taxa mais baixa", disse. A avaliação de Chaia é a de que os bancos estão concedendo limites mínimos de juros para seus clientes especiais. "Nem mesmo Caixa e Banco do Brasil reduziram todas suas taxas de juros linearmente para todo mundo. Reduziu para quem já está lá e para quem vai ser aprovado nas linhas de créditos deles", diz o professor do Insper.
O embate sobre a redução do spread bancário ganhou contornos de guerra no último dia 10. Em reunião com o Ministério da Fazenda, o presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, apresentou uma lista de mais de 20 propostas de redução do spread bancário, condicionadas à criação de produtos financeiros e alterações no custo da inadimplência, além de medidas tributárias. A proposta irritou o ministro Guido Mantega, que disse haver todas as condições para que os bancos brasileiros deixem de ser "os campeões do spread".
Para Chaia, Mantega errou ao tentar impor aos bancos privados a redução de suas margens, sem aceitar a contrapartida de reduzir os impostos que incidem sobre os lucros dos bancos. "Ele (Mantega) está interferindo em uma esfera privada e querendo agir como banco", protesta o professor.
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