domingo, 26 de agosto de 2012

Rivalidade, Neymar e o ‘futebol foca’

Neymar é brilhante, mas seu futebol ainda tem muito que amadurecer

 
 
Li uma bela e polêmica crônica do colunista do 'Olé', Martin Caparros neste sábado.
Nela, ele critica o futebol de Neymar e classifica o estilo do jogador como 'futebol foca', cuja principal particularidade é priorizar o espetáculo e não a eficiência.
O texto de Caparros repercutiu em alguns veículos brasileiros, mas decidi assistir o clássico entre Santos e Palmeiras antes de comentar a polêmica. Vamos primeiro aos pontos levantados pelo jornalista argentino. Ele usa como exemplo do 'futebol foca' de Neymar uma jogada do craque em duelo contra o Universidad do Chile em que o brasileiro acabou perdendo a bola por puro preciosismo.
"Neymar é um jogador habilidoso que não ganha partidas importantes e, acima de tudo, a jogada não serviu para nada; terminou nos pés de um adversário. Mas mostra como é o futebol foca: o ponto em que o futebol se transforma em um número de circo, esse jeito atual do esporte em que o que mais importa é a firula, mesmo que não sirva para nada", escreveu Caparros.
Ele ainda cita Cristiano Ronaldo como outro praticante do 'futebol foca' e coloca Xavi como contraponto ao futebol do português e do brasileiro.
No entanto, a discussão mais complexa levantada por Caparros é sobre a relatividade do que é ou não bonito no futebol. Como construímos o consenso de que o futebol praticado por Neymar e Cristiano Ronaldo é mais bonito do que o de outros?
Mera implicância?
O texto de Caparro pode ser acessado aqui. Em alguns comentários é possível notar toda a boçalidade típica do torcedor que não concorda com a opinião do comentarista. Muita brasileiro sensível defendendo o Menino da Vila com unhas e dentes.
Não vejo implicância no comentário de Caparros. Sua opinião faz sentido. O estilo de jogo de Neymar é circense e por vezes peca pela falta de objetividade. No entanto, acredito que seja exagero dizer que o brasileiro não ganha jogos importantes. Ele é 'só' ajudou o Peixe a conquistar a Copa do Brasil, três Campeonatos Paulistas e uma Libertadores. Tudo isso em sua curta carreira e jogando em uma equipe com sérias deficiências e completamente dependente dele.
Por outro lado, Neymar ainda precisa amadurecer. É mimado, cava faltas como nenhum outro atacante do Brasil e o mais grave: tem um ego quase tão grande quanto o seu futebol. Seu virtuosismo com a bola o faz por vezes jogar como um menino exibido e não um atleta profissional.
Sua atuação na vitória contra o Palmeiras foi brilhante. É verdade. Todavia, é inegável que ele ainda é irregular em duelos importantes. Sobretudo pela seleção brasileira. O grande problema de Neymar é a falta de maturidade e equilíbrio. Maturidade para encarar as armadilhas do sucesso e equilibrio para focar apenas em jogar da melhor maneira possível. A melhor jogada não é sempre a mais bonita. Fato.
Neymar oscila entre jogar bonito em um momento e no outro flerta com a falta de espírito esportivo ao cavar faltas e cartões para os adversários. Craques que fizeram história têm estilos de jogo muito diferentes. Romário jogava de maneira bem diferente que Ronaldo ou Zidane -- para ficar em nomes mais recentes. A única coisa em comum em todos que citei é o fato de buscarem sempre o gol. Jogadas de efeito são lindas, mas nada pode ofuscar um gol. E é essa verdade que qualquer torcedor sabe, que Neymar deixa de enxergar em alguns momentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário