sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Exclusivo: veja últimas imagens da fisioculturista viva em hotel de Natal



Polícia divulgou ao G1 imagens de Fabiana Caggiano sendo socorrida.
Ela morreu em 2 de janeiro, mas a causa ainda permanece um mistério.


Hotel em que família Caggiano estava hospedada (Foto: Caroline Holder/G1)Hotel em que família Caggiano estava hospedada (Foto: Caroline Holder/G1)
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte divulgou ao G1, com exclusividade, as últimas imagens da fisioculturista paulista Fabiana Caggiano Paes, de 36 anos, ainda viva em Natal. O vídeo data de 28 de dezembro, pela manhã, momento em que ela foi socorrida por paramédicos ao hospital. A polícia ainda investiga a causa da morte de Fabiana, que foi a óbito na UTI de um hospital particular da cidade no último dia 2. 
As primeiras imagens, ainda na noite de 27 de dezembro, mostram Fabiana (de vestido branco) chegando à recepção e entrando no hotel. O marido dela entra logo em seguida. Depois, já na manhã de 28, os paramédicos do Samu surgem e entram às pressas, às 7h35. Na saída, já por volta das 8h45, a equipe carrega a maca com o corpo da paulista desacordada, porém ainda viva, coberto por um lençol. O marido de Fabiana, de camiseta vermelha, bermuda e sandálias, acompanha o socorro médico.
A gravação foi feita pelo circuito interno do hotel onde ela, familiares e o marido estiveram hospedados para as festividades de fim de ano. Laudos complementares, ainda não concluídos, podem esclarecer se a atleta morreu de causas naturais, em razão de complicações após um eventual desmaio no banheiro do hotel, ou se foi mesmo assassinada.

De acordo com o delegado do caso, Frank Albuquerque, foram encontrados sinais de asfixia mecânica. “Ao abrir os pulmões e a traqueia dela, os peritos verificaram características de asfixia mecânica, como se algum instrumento tivesse colocado força sobre as vias respiratórias de Fabiana. Havia hemorragia ao redor do pescoço dela e pontos de sangue no pulmão que apontam para o sufocamento”, disse o delegado. “É muito difícil isso ter acontecido por causa de uma queda, já que a superfície onde ela caiu é lisa, pois o chão do banheiro do hotel é de azulejo. Não tem condição de tapar totalmente a boca e o nariz dela”, acrescentou.
Laudo inicial divulgado pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia do RN (Itep) aponta para uma morte com características de asfixia mecânica - quando as vias respiratórias são bloqueadas. Em depoimento à polícia potiguar, o marido de Fabiana, o empresário Alexandre Paes, afirmou que a mulher sofreu um acidente na manhã do dia 27 de dezembro, enquanto tomava banho no apartamento do hotel. Depois de ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Fabiana foi encaminhada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular da capital, onde permaneceu até morrer.
O outro lado
“Tudo não passa de um erro”. A frase, também obtida com exclusividade pelo G1, foi dita pelo empresário Alexandre Furtado Paes. Ele se referiu às suspeitas de que a mulher morreu vítima de sufocamento. O casal natural de Osasco, na Grande São Paulo, estava na capital potiguar desde a terça (25), passando férias com a família.
Fabiana Caggiano era campeã de fisioculturismo (Foto: Reprodução/Facebook)Fabiana Caggiano era campeã de fisioculturismo
(Foto: Reprodução/Facebook)
“Ela teve 20 paradas cardíacas. Os médicos do Samu tentaram reanimá-la e não conseguiram. Como isso pode ter ligação com um sufocamento? Esse laudo está errado. Eu vou pedir outro em São Paulo. Irei acompanhar isso com o suporte de um advogado. Estou muito abalado. Gostaria de falar mais sobre isso, mas o meu coração pede que não. Queremos esquecer que isso tudo aconteceu”, disse Alexandre.
Perícia nos órgãos
Parte dos órgãos de Fabiana Caggiano Paes passa por dois trabalhos periciais distintos e que poderão contribuir para o detalhamento das circunstâncias que a levaram à morte. O fígado e os pulmões dela foram extraídos durante o exame necroscópico realizado pelo Itep. De acordo com o médico legista Manoel Marques, coordenador de Medicina Legal, o fígado permaneceu no Instituto para análise químico-toxicológica e os pulmões foram encaminhados ao Hospital Giselda Trigueiro, onde passam por procedimentos de estudos patológicos.
"Com esse exame é possível identificar a ingestão de drogas diversas e qual o tipo de alucinógeno presente na substância"
Fabrício Fernandes
perito do Itep
Além dos exames de visualização externa dos órgãos extraídos, uma análise interna dos pulmões e fígado será feita a partir de microcortes cistológicos e aplicação de corantes. De acordo com o bioquímico Fabrício Fernandes, que é perito do Itep, o fígado de Fabiana passa por uma análise bioquímica que consiste num processo de extração de partes do órgão para pesquisa de presença de psicofármacos (drogas sedativas e alucinógenas) e inseticidas de venenos (agentes que alteram ou destroem funções vitais).
A partir da extração, os pedaços do órgão passarão pelo processo de cromatografia (dosagem e identificação de substâncias) em camadas delgadas. "Com esse exame é possível identificar a ingestão de drogas diversas e qual o tipo de alucinógeno presente na substância", detalhou Fabrício Fernandes. Ainda de acordo com o perito, o processo demora entre 10 e 30 dias, dependendo do perfil de perícia solicitado. No caso do órgão de Fabiana Caggiano, a análise em curso é a mais complexa, devido aos questionamentos periciais que envolvem a morte da atleta.
No caso dos pulmões, que foram levados para o Hospital Giselda Trigueiro para serem periciados por um toxicologista, será realizada uma análise anatômica e patológica do órgão. Conforme detalhado por Fabrício Fernandes, os pulmões foram colocados em formol para serem conservados por um período maior de tempo. Em seguida, serão realizados microcortes cistológicos e cloração de parte delas para que sejam submetidas à análise microscópica. "Esta análise confunde-se com uma biópsia. Ela identifica problemas no órgão, lesões diversas e pode contribuir para a definição da causa mortis", comentou o perito. Este procedimento, diferente do anterior, leva entre 7 e 10 dias para ficar pronto.
Enterro sem velório
O corpo da fisioculturista foi enterrado no último sábado (5), em Jandira, região da Grande São Paulo. O sepultamento aconteceu às 9h no Cemitério AlphaCampus. A família optou por não realizar velório.
Entenda o caso
Segundo o empresário Alexandre Paes, a mulher estava tomando banho quando ela teria sofrido uma queda repentina. O Samu foi acionado e já encontrou a paulista desacordada. No dia 2 de janeiro, no entanto, a fisioculturista morreu. Familiares disseram que ela, enquanto esteve internada na UTI do hospital, permaneceu todo o tempo em coma induzido.
Em razão da suposta queda, o corpo de Fabiana foi removido para autópsia no Instituto Técnico-Científico de Polícia do RN. Laudos preliminares, no entanto, revelaram que a vítima sofreu asfixia mecânica, com características de estrangulamento. O caso tornou-se público por meio da própria Polícia Civil, que convocou a imprensa para informar o acontecido. Desde então, o delegado Frank Albuquerque trabalha para descobrir o que motivou a morte da paulista.
Delegado Frank Albuquerque (Foto: Anderson Barbosa/G1)Delegado Frank Albuquerque
(Foto: Anderson Barbosa/G1)
Frank Albuquerque contou que exames toxicológicos poderão indicar se Fabiana foi dopada, envenenada ou se fez uso de alguma sustância química e/ou entorpecentes. “Também estou aguardando o resultado dos exames feitos com luminol, realizados no quarto do hotel onde o casal ficou hospedado”, acrescentou.
Ainda segundo o delegado, o luminol é um produto que reage em contato com os glóbulos vermelhos e pode apontar para a existência de qualquer resquício de sangue existente nos ambientes do apartamento, o que evidenciaria uma possível luta corporal dentro do quarto
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